O estudo constatou que transações orientadas por competências geraram um prémio anual total de retorno para o acionista significativo (igual a 14.2% pontos percentuais), acima de transações com fit limitado de competências.
O estudo “Doing the right deals” analisa as 50 maiores transações com empresas cotadas de 16 indústrias e avalia as características que levaram a resultados superiores para os compradores, medido com base na taxa anual total de retorno para o acionista (TRA).
Uma competência é definida como a combinação específica de processos, ferramentas, tecnologias, habilidades e comportamentos que permitem à empresa oferecer uma proposta de valor única aos seus clientes.
Dois tipos de transações foram identificadas com retornos superiores: capabilities enhancement deals – em que o comprador adquire um target que lhe permite adquirir novas competências que complementam o seu sistema de competências atuais – e capabilities leverage deals – em que o comprador alavanca as suas competências para gerar valor a partir do target. Estas representam o verdadeiro motor de criação de valor, originando uma TRA média anual de 3.3% pontos acima dos índices de mercado locais. Transações sem essas características – com fit limitado de competências – tiveram um TRA anual médio de -10.9% pontos em comparação com os índices de mercado locais.
Enquanto 73% das 800 maiores transações analisadas procuraram combinar negócios que tivessem fit do ponto de vista das competências, 27% foram transações com fit limitado de competências. Da análise efetuada, por cada euro gasto em fusões e aquisições, cerca de 25 cêntimos foram gastos em negócios com fit limitado de competências, que, em muitos casos, destruíram o valor para o acionista.
Alastair Rimmer, Global Deals Strategy Leader, PwC UK disse: “A nossa análise confirma que negócios em que o comprador está focado em complementar as suas competências atuais ou em alavancar as suas competências no target, podem resultar num prémio substancial na TRA. A criação de valor numa transação está menos dependente de objetivos de consolidação, diversificação ou entrada em novos mercados. O que importa é se existe uma racional robusto de coerência de competências entre o comprador e o target.”
“Há um entendimento crescente, entre os líderes empresariais, de que a criação de valor requer mais do que cortes nos custos – estes estão dispostos a pagar mais pelas sinergias de receitas, que alimentam o crescimento a longo prazo, querendo adquirir tecnologia, competências e outras fontes de vantagem competitiva.”
Este prémio resultante do fit de competências foi encontrado em todos os 16 setores estudados. A maior porção de transações orientadas por competências verificou-se no setor de pharma & life sciences (92%), um setor em que as transações geralmente combinam as competências de inovação de uma empresa com a força em distribuição de outra. Outros setores onde há maior preponderância de transações com fit de competências são os setores da prestação de serviços de saúde e telecomunicações (ambos com 90% dos negócios baseados em competências) e automóvel (86%). As transações sem fit de competências são tipicamente mais prevalentes na indústria de petróleo e gás (62%), setores onde a aquisição de ativos pode desempenhar um papel importante para além do fit de competências.
A análise mostra que as declarações de objetivos estratégicos de uma transação, apresentados em anúncios corporativos e regulatórios, têm pouco ou nenhum impacto na criação de valor. O sucesso de uma transação não depende de objetivos declarados de consolidação, diversificação ou entrada em novos mercados. O que diferencia é se há um fit de competências entre o comprador e o target. Em particular, as transações que visam a expansão geográfica destacam-se por apresentarem desempenho inferior ao de outras estratégias, em grande parte porque muitas delas (34%) foram transações de fit limitado de competências.
Mais do que nunca, as empresas devem definir claramente quais as competências que podem alavancar para ter sucesso e quais as lacunas de competências que precisam preencher.
Hein Marais, Global Value Creation Leader, PwC UK acrescentou: “Os fundamentos das operações de M&A alteraram-se num contexto pós COVID, refletindo a necessidade crescente de introduzir competências novas e diferentes para uma empresa conseguir criar valor e resultados sustentáveis. A necessidade de se mover rapidamente aumenta a pressão para executar transações – e, consecutivamente, o risco de não conseguir avaliar, com o devido cuidado, o fit de competências. No entanto, garantir a adequação de tais competências, aumenta drasticamente a probabilidade das transações criarem valor.”
António Rodrigues, M&A Leader, PwC Portugal acrescentou: “em Portugal também se espera que haja uma preocupação crescente das empresas em introduzir competências novas e refletir quanto à sustentabilidade do seu portfólio. Há um entendimento crescente, entre os líderes empresariais, de que a criação de valor requer mais do que cortes nos custos – estes estão dispostos a pagar mais pelas sinergias de receitas, que alimentam o crescimento a longo prazo, querendo adquirir tecnologia, competências e outras fontes de vantagem competitiva.”
A PwC analisou 800 transações concluídas entre 2010 e 2018 – as 50 maiores transações envolvendo compradores cotados em 16 setores. As transações foram analisadas de forma a aferir quais as características que explicam um retorno anual total para o acionista (TRA) mais elevado. A nossa análise foi baseada em pesquisas (incluindo a identificação de aquisições e análise da performance da transação) conduzidas pela Bayes Business School of City, Universidade de Londres (anteriormente Cass Business School). Para medir o sucesso da transação, os autores do relatório estimaram o TRA anualizado do comprador ao longo de um período que varia entre um pouco antes do anúncio a um ano após o fecho, em comparação com o desempenho do índice líder do mercado local no mesmo período de tempo.