Data centres: financiamento da infraestrutura crítica na era digital

Data Centres: Oportunidades e Desafios na Revolução Digital
  • Issue
  • Novembro 18, 2025

O último episódio do podcast da PwC, "Take on Tomorrow" ("How to fund the data centre boom?") centra-se nos data centres, infraestruturas que estão a dominar a transformação digital dos últimos anos, e que são motores essenciais da economia digital. A sua importãncia tem crescido exponencialmente devido à explosão de dados, à adoção da cloud e ao avanço da inteligência artificial.

Esta tendência emergente traz consigo oportunidades estratégicas para empresas e países, mas também apresenta desafios significativos em termos de investimento, sustentabilidade e colaboração entre setores. 

Em Portugal e na Europa, este crescimento traz oportunidades de competitividade e soberania digital, mas também desafios de sustentabilidade e colaboração entre setores públicos e privados. 

Podcast "Take on Tomorrow"

O podcast "Take on Tomorrow" explora tendências emergentes e o seu impacto nos negócios e na sociedade, abordando tópicos com IA generativa, transição energética, mobilidade do futuro, entre outros - uma ótima fonte de inspiração para líderes que querem antecipar o amanhã. 
 

O que está a impulsionar o “boom” dos data centres?

Nos últimos anos, os data centres tornaram-se infraestruturas críticas da economia digital, tão essenciais como a eletricidade ou os transportes. A explosão de dados produzidos e consumidos, alimentado pela transformação digital acelerada, pela adoção de cloud e pelo avanço da IA, está a gerar uma procura sem precedentes por capacidade de armazenamento e processamento, impulsionando uma necessidade significativa de investimentos em data centres a nível global.

Enquanto “motores digitais”, os centros de dados, tornaram-se infraestruturas críticas, mas exigem investimentos colossais e modelos de financiamento inovadores para serem construídos e operados. 

Drivers do crescimento dos data centres

Transformação digital e explosão de dados

Transformação digital e explosão de dados

Praticamente todos os setores da economia estão a digitalizar processos e operações, gerando um enorme volume de dados. Nos últimos três anos, criou-se mais informação do que em toda a história anterior. Estes dados, que vão desde transações financeiras a vídeos em streaming, exigem armazenamento e processamento intensivo. Simultaneamente, a sociedade continua a exigir mais capacidade de computação em cloud, seja para streaming mais fluido, serviços empresariais mais abrangentes ou aplicações emergentes como veículos autónomos. Estas tendências já impulsionavam o crescimento dos centros de dados, que veio ser alavancado pelo uso crescente da Inteligência Artificial. Neste contexto, os centros de dados são a “coluna vertebral” da tecnologia moderna, onde a energia é um verdadeiro fator crítico para sustentar esta expansão.

Inteligência Artificial e cloud

Inteligência Artificial e cloud

A IA emergiu como motor de inovação transversal, exigindo computação intensiva. Modelos generativos e de machine learning são treinados e executados em centros de dados com hardware especializado. Ao mesmo tempo, a migração para a computação em cloud levou empresas a deixarem de ter servidores próprios, passando a usar grandes data centers externos.

Soberania digital e regulação

Soberania digital e regulação

Na Europa, o boom dos dados é acompanhado por esforços para garantir autonomia digital, bem como leis de proteção de dados e requisitos setoriais que exigem, em alguns casos, que a informação seja armazenada em território nacional ou comunitário. Essa combinação de fatores incentiva governos e empresas europeias a investir em data centres domésticos, reforçando a capacidade local de processamento e a segurança jurídica sobre ativos digitais.

Crescimento da procura de data centres: desafios e soluções inovadoras

Os centros de dados exigem investimentos massivos em construção, tecnologia e ligações de energia. Cada projeto envolve tipicamente investimento avultados, com necessidades de financiamentos complexas e que podem ultrapassar os recursos corporativos e da tradicional banca comercial. Este perfil levanta desafios, mas também deu origem a soluções de financiamento inovadoras:

A forma como os projetos são financiados vai determinar a sua velocidade, escala e sucesso. Dada a escala do investimento em data centres e infraestrutura necessária, assistimos cada vez mais modelos híbridos de financiamento, onde o capital público e privado encontram formas de trabalhar em conjunto.

O perfil dos financiadores de centros de dados está a mudar. Uma tendência emergente, nalguns dos principais mercados, é a formação de parcerias internacionais dedicadas a investir em centros de dados. Também seguradoras e fundos de pensões estão a entrar diretamente no financiamento de data centres, atraídos pelos retornos estáveis a longo prazo alinhados com as suas obrigações e pela longevidade dos ativos.

Os centros de dados modernos exigem muito mais do que capital, exigindo soluções técnicas avançadas, desde sistemas de refrigeração até garantias de fornecimento energético em locais com capacidade limitada. Isto que obriga os promotores a desenvolver soluções energéticas paralelas antes de iniciar os projetos. Esta complexidade técnica tornou o financiamento uma disciplina multidimensional, onde engenharia, energia e contratos de longo prazo se cruzam.

Competitividade, soberania e sustentabilidade: implicações para Portugal e Europa

Investir em centros de dados de vanguarda traz benefícios estratégicos claros. Regiões que oferecem abundante capacidade digital tornam-se mais atraentes para empresas tecnológicas e indústrias de dados, reforçando a competitividade económica local. Para Portugal, captar parte deste crescimento pode diversificar a economia e criar empregos qualificados, atraindo multinacionais e impulsionando ecossistemas tecnológicos locais.

Em específico, as limitações de acesso a energia nos principais mercados de data centres globais estão a tornar estes investimentos mais complexos e competitivos. À medida que os mercados com infraestrutura consolidada, elevada conectividade e forte procura se tornam mais difíceis de aceder, os critérios de seleção de local estão a evoluir: a disponibilidade energética e a eficiência de custos estão a ganhar primazia face à conectividade. 

Por outro lado, a soberania digital europeia beneficia destes investimentos: ter data centres em solo nacional significa que dados de cidadãos e entidades podem ser armazenados com maior controlo e em conformidade com as normas da UE, reduzindo dependências externas.

No entanto, esta indústria não está isenta de desafios. Em termos de sustentabilidade, a concentração de centros de dados coloca pressão nas redes elétricas e recursos naturais. Comunidades que acolhem estes projetos querem garantias de que haverá energia suficiente sem prejudicar outros consumidores e que o consumo de água para arrefecimento será responsável. Torna-se imperativo que o crescimento dos data centres seja acompanhado de investimentos em energia limpa e eficiência.

Ainda assim, muitos projetos já estão a endereçar estes temas: os novos centros de dados estão a ser projetados tendo em vista a eficiência energética e de recursos, usando eletricidade 100% renovável e instalações de reaproveitamento de água, alinhando-se com a transição verde dos países.

 

O “boom” dos centros de dados representa uma transformação estrutural na economia digital. Para Portugal e Europa, poderá ser uma oportunidade de reforçar a competitividade, assegurar soberania digital e transitar para uma sociedade mais conectada – mas exige investimentos significativos e cooperação sem precedentes entre setores.

A mensagem central do podcast da PwC Take on Tomorrow é clara: capital e inovação andam de mãos dadas nesta jornada, e soluções de financiamento inteligentes estão a desbloquear avanços que antes pareciam fora de alcance. Seguindo uma abordagem colaborativa e sustentável, governos e empresas podem não só capitalizar esta oportunidade, mas moldá-la para gerar valor económico e social duradouro.

Na PwC Portugal, acompanhamos de perto a evolução da infraestrutura digital e estamos preparados para apoiar em todas as fases do ciclo de vida dos data centres. A nossa equipa multidisciplinar está preparada para apoiar end-to-end, desde o planeamento estratégico e análise de viabilidade, à estruturação de modelos de financiamento misto, passando pela gestão de riscos regulatórios, ambientais e comunitários. Contacte-nos para saber como podemos colaborar na construção da próxima geração de centros de dados em Portugal e na Europa.

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Cláudia Rocha

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Strategy Advisory Partner, PwC Portugal

Hernâni  Silva

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Marta Carvalho

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