Inteligência Artificial

O ano em que a IA saiu do laboratório: Especial 2025

  • Dezembro 22, 2025

2025 foi o ano em que a IA saiu do laboratório, começou a entrar nas operações diárias, e ficou dependente de infraestruturas do mundo físico – chips, eletricidade, latência, centros de dados – tanto quanto de algoritmos.

O acordo Microsoft-OpenAI tornou visível essa transformação. Contratos de longo prazo, direitos de propriedade até 2032 e verificação independente de AGI, com um compromisso adicional de $250 mil milhões em Azure. Em simultâneo, a NVidia registou um trimestre com receitas e lucros recorde, o investimento para criar e escalar datacenters continua sem abrandar, e o projeto norte-americano Stargate voltou a colocar o compute no centro da política industrial tecnológica.

“We can only see a short distance ahead, but we can see plenty there that needs to be done.”

Alan Turing,em Computing Machinery and Intelligence (1950)

O resultado é claro: o centro de gravidade da IA deslocou‑se para a capacidade. 

Ora, quando uma tecnologia se transforma numa infraestrutura crítica, governar e escalar passam a ser duas faces da mesma moeda. A UE consolidou o AI Act e está a investir numa rede de AI gigafactories – quatro a cinco instalações com cerca 100 mil chips cada, mobilizando €20 mil milhões via InvestAI e com apoio do Banco Europeu de Investimento. O Horizon Europe 2026–2027 também foi revisto de forma a reforçar o uso de IA na investigação científica

A ambição é clara: dar acesso a compute de classe mundial a startups, indústria e investigação, e reduzir dependências em relação aos EUA e à China. 

Portugal: quando a transformação global bate à porta 

Esta infraestrutura já se está a materializar em Portugal. Os primeiros chips, NVidia fruto da parceria entre a NScale e a Start Campus, chegam a Sines já em janeiro: é um investimento superior a 10 mil milhões de dólares para instalar um hub europeu equipado com 12.600 GPUs, com expansão prevista até 2028/2029. Tal como destacado nesta edição, o Governo admitiu a hipótese de duplicar de €4 mil milhões para €8 mil milhões o investimento associado à gigafábrica em Sines.

Há outros casos de sucesso: a Sword Health vai investir €250 milhões até 2028 para criar em Portugal um hub mundial de AI Health; e a também portuguesa Starkdata iniciou operações na Virgínia (EUA), e está em negociações com bancos e instituições financeiras após ter sido selecionada pelo programa SelectUSA.

Apesar destas vitórias, os últimos dados sobre a utilização da IA por cidadãos e empresas são agridoces. Quase 39% da população portuguesa entre os 16 e os 74 anos utilizou ferramentas de IA, acima dos 32,7% da média da UE e de países como Espanha (37,9%), França (37,5%) e Alemanha (32,3%), mostram dados do Eurostat divulgados há poucos dias.

O cenário empresarial é o inverso. Apesar de algum progresso em 2025, Portugal permanece bem abaixo da média europeia na adoção de IA pelas empresas. Apenas 11,54% das empresas com mais de dez trabalhadores utilizam tecnologias de IA, face a 19,95% na média da UE. A diferença de 8,41 pontos percentuais evidencia um atraso estrutural, agravado pelo facto de Portugal continuar entre os mercados com crescimento mais lento, mesmo num ano em que várias economias aceleraram significativamente.

Para as empresas, o ponto de partida é o muitas vezes paradoxo entre entusiasmo e prudência: valorização da automação vs. receios sobre os riscos. A última edição do Global Family Business Survey da PwC, por exemplo, mostra que praticamente todas as empresas valorizam automação e produtividade, mas muitas hesitam perante riscos e maturidade. 

É por isso que 2025 foi um ano de viragem: o sucesso tornou‑se visível.

Neste momento, já podemos ler sobre como a IA é capaz de criar modelos operacionais para negócios de ponta. Desde sistemas maduros a ferramentas emergentes, como agentes de IA, os exemplos de impacto multiplicam‑se – na estratégia, operações, força de trabalho, confiança, tecnologia e sustentabilidade.

Tal como sublinha o “2026 A Business Predictions” da PwC US, há cada vez mais evidência suficiente para criar benchmarks, medir desempenho e identificar alavancas para acelerar a criação de valor, tanto no negócio como em funções como finanças e fiscalidade. As empresas têm à sua disposição cada vez mais ferramentas para crescer com rapidez e agilidade.

Isto exige precisão na escolha das áreas onde a IA possa gerar transformação total – e uma execução disciplinada que começa na liderança de topo. Depois de provar valor nas áreas prioritárias, o resto da organização pode seguir‑lhes o caminho.

Esta transformação, contudo, não acontece no vazio: depende diretamente das competências digitais disponíveis e da capacidade das organizações para formar e reconverter equipas. Um estudo recente da Reuters sobre GenAI nos serviços profissionais indica que apenas 31% das organizações oferecem formação em GenAI durante 2025, embora seja um aumento face aos 19% em 2024. A maioria (64%) continua sem qualquer iniciativa, e a maioria da força de trabalho quer guidelines sobre o uso da tecnologia em contexto laboral. 

No caso português, esta convergência entre abertura à mudança e prudência organizacional será essencial. O país reúne uma combinação rara: infraestrutura emergente, um ecossistema tecnológico cada vez mais maduro e uma cultura institucional que valoriza o uso responsável da IA – uma prática que vemos diariamente nos clientes, aliás. 

Se conseguirmos unir investimento em talento, adoção disciplinada e governança robusta, Portugal tem todas as condições para iniciar uma transformação do tecido empresarial português que aumenta a eficiência, produtividade e prosperidade nacional.

Quer implementar esta visão no seu negócio com rigor e sem perder o controlo?

A transformação interna que também estamos a fazer na PwC Portugal dá-nos uma perspetiva dupla – interna e externa – sobre a evolução da IA nos próximos meses. As nossas previsões baseiam‑se na experiência real e estão focadas no impacto prático, para que possa dar passos seguros e transformar a ambição em IA em verdadeiro valor transformador para o seu negócio em 2026 e nos anos que se seguem.

Se é empresário, líder ou gestor e quer avançar com ambição e segurança, a equipa de Data & AI da PwC Portugal está disponível para uma conversa sem compromisso, para clarificar dúvidas sobre dados, regulação, e impactos reais.
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Nuno Loureiro

Nuno Loureiro

Data & AI Partner, PwC Portugal

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