11.º Global Family Business Survey – 2023

Transformação e confiança

As empresas familiares portuguesas precisam de adotar novas prioridades para garantir o seu legado. Conheça em detalhe os resultados do Family Business Survey 2023, um inquérito global entre os principais decisores das empresas familiares, não só ao nível de Portugal, como também dentro de vários dos principais territórios da PwC.

A noção de como construir confiança nos negócios está a mudar - fundamental e rapidamente. Para todos - incluindo clientes e colaboradores - questões ambientais, sociais e de governação (ESG) e diversidade, equidade e inclusão (DEI) tornaram-se testes decisivos de confiança. Devido às poderosas mudanças demográficas, a maioria dos clientes e colaboradores de hoje provêm da geração millennials e da geração Z - cujos valores são diferentes dos baby boomers. 

As empresas familiares beneficiaram durante muito tempo de um ‘trust bonus’ relativamente a outros tipos de organizações. Porém, no mundo atual, a equação para vencer – e manter – a confiança mudou e as empresas familiares precisam acompanhar esta tendência.


Os principais resultados Portugal


Clientes

86% dizem que ter a confiança dos clientes é essencial
%
64% dos que acham importante, dizem ter total confiança nos clientes
%
41% colocam muito foco, energia, investimento e recursos para entender as necessidades dos clientes
%
35% comunicam ativamente o propósito da empresa externamente
%
41% dizem que aumentar a fidelidade do cliente é uma das cinco principais prioridades
%
51% estão empenhados em ter um programa que recolhe o feedback dos clientes
%


Colaboradores

80% dizem que ter a confiança dos colaboradores é essencial
%
56% dos que acham importante, dizem ter total confiança nos colaboradores
%
18% colocam muito foco, energia, investimento e recursos para entender as necessidades dos colaboradores
%
41% dizem que aumentar a confiança entre os colaboradores é uma das cinco principais prioridades
%
42% comunicam ativamente o propósito da empresa internamente
%
35% estão avançadas em oferecer incentivos aos colaboradores em todos os níveis
%


Família

57% dizem que ter a confiança dos membros da família é essencial
%
74% dos que acham importante, dizem ter total confiança nos membros da família
%
26% comunicam ativamente o propósito da empresa externamente
%
59% sentem que todos os membros da família envolvidos no negócio têm opiniões/prioridades semelhantes
%
63% dizem que as informações relevantes são compartilhadas de forma transparente entre os membros da família
%
54% dizem que há altos níveis de confiança entre membros da família fora da empresa e membros que trabalham na empresa
%

“A confiança continua a ser uma das principais vantagens competitivas das empresas familiares. O nosso estudo mostra que as empresas familiares já estão a priorizar o que é mais relevante para os seus stakeholders e para tal, necessitam de adotar novas fórmulas de sucesso para construir confiança e proteger o seu legado. Existe uma correlação, extremamente forte, entre confiança e sucesso do negócio.”

Rosa Areias, Entrepreneurship & Private Business Partner ,PwC Portugal, Angola e Cabo Verde

Rosa Areias
Entrepreneurship & Private Business Partner
PwC Portugal, Angola e Cabo Verde



Diferença entre expectativa e realidade da confiança

A maioria das empresas familiares portuguesas acredita que é essencial ter confiança nos clientes, colaboradores, fornecedores e familiares, mas ainda existe uma diferença entre dizer que precisam dessa confiança e realmente confiar nestes intervenientes.



Mas muitas empresas não estão a tomar as medidas necessárias para construir essa confiança

65% não comunicam o seu propósito externamente
%
82% não assumem uma posição pública sobre questões importantes
%
78% não têm uma clara e comunicada estratégia ESG
%
71% não tem um compromisso que aprova o DEI (diversidade, equidade e inclusão)
%
Fonte: 11º edição do Global Family Business Survey da PwC | Análise PwC

As empresas familiares sabem que a confiança dos clientes e familiares é essencial, mas essas empresas precisam de ser mais proativas na construção da confiança com os seus principais grupos de partes interessadas, especialmente colaboradores e o público em geral.


A nova fórmula para a confiança

A um nível básico, a fórmula para construir confiança está a expandir-se. As empresas precisam de ter em conta que os novos stakeholders têm expectativas diferentes em torno do que constrói a confiança, e que consomem informação de formas totalmente diferentes. Quando se trata destas novas medidas para ganhar confiança, as empresas familiares precisam de fazer um trabalho muito melhor: aumentar a visibilidade dos seus esforços e comunicá-los consistentemente às partes interessadas.

De quem precisamos de confiança?

O grupo de stakeholders aumentou

O que os stakeholders exigem para ganhar confiança?

As expectativas aumentaram:

Que meios estamos a utilizar?

As ferramentas mudaram

Clientes Excelentes serviços/produtos Report anual
Colaboradores Reconhecimento da marca/legado Website
Família + +
+ Propósito definido Redes sociais
Público em geral/ Sociedade Compromisso com ESG e DEI Ter opinião em relação a questões sociais
Comunicação transparente e eficaz Concretização de compromissos
Fonte: Análise PwC

A boa notícia é que a confiança é tangível e pode ser construída sistematicamente, no entanto, se as empresas familiares portuguesas quiserem proteger esse nível de confiança, é necessário que haja transformação – uma realidade que muitos líderes empresariais já estão a reconhecer. Dos 4.410 executivos que participaram da 26ª Pesquisa Anual Global de CEOs da PwC, mais de 40% acreditam que a sua empresa não estará adequada ao propósito em dez anos se continuar no seu trajeto atual.

Transformar para construir confiança:
dos clientes



84%

das empresas familiares têm um propósito claro para a sua empresa ou seja, um propósito que possa ser resumido numa frase

Global: 79%


Q13. Tem um propósito claro da empresa, ou seja, um propósito que poderia resumir ou articular numa frase?
Q14. Quais destas declarações são verdadeiras para o propósito da sua empresa?
Base: Todos os inquiridos de Portugal (n=51); todos os inquiridos globais (n=2,043)


Quais as declarações são verdadeiras para o propósito da sua empresa? (entre aqueles que têm um propósito)

Relacionado com a orientação para o cliente
%
%
Escrito/disponibilizado no website
%
%
Relacionado com a forma como entrega produtos/serviços
%
%
Comunicados internamente ativa e regularmente
%
%
Comunicados externamente ativa e regularmente
%
%
Comunicados regulares aos membros da família ativa e regularmente
%
%
Relacionado com ODS específicos
%
%
Portugal
Global

84% das empresas familiares portuguesas afirmam ter um propósito empresarial claro (Global: 79%). No entanto, muitos não tomam as medidas necessárias para garantir a sua eficácia, por exemplo ter os valores e propósitos da sua empresa incorporados nos seus processos de avaliação e satisfação. A maioria das empresas familiares portuguesas estabelece objetivos e metas para a satisfação do cliente e crescimento, mas apenas uma pequena minoria estabelece objetivos e metas para diversidade e inclusão. As principais prioridades das empresas familiares portuguesas nos próximos dois anos são a redução da pegada de carbono da organização (muito superior à média global), o aumento dos investimentos em inovação e a expansão para novos mercados ou segmentos de clientes. Os principais grupos prioritários para as EFs portuguesas são os acionistas e os clientes, seguidos pelos colaboradores. Em comparação com o global, os conselhos portugueses tendem a ser muito mais inclusivos.

 

22%

consideram-se “muito avançados” em ter uma estratégia ESG clara.

Global: 15%

6%

dizem que colocam pouco ou nenhum foco em ESG.

Global: 18%

51%

dizem que minimizar o impacto da empresa no meio ambiente é uma prioridade.

Global: 31%

55%

dizem que reduzir a pegada de carbono de sua empresa é uma prioridade para os próximos dois anos.

Global: 20%

Uma forte estratégia ESG deve ser incluída na medição do desempenho da empresa através de metas não financeiras e financeiras. A diversidade é importante para o maior grupo de clientes – geração do milênio e geração Z.

As empresas familiares portuguesas são propensas a acreditar que se encontram mais desenvolvidas num conjunto de áreas, incluindo a capacidade de adaptação e a rápida tomada de decisão, no controlo da qualidade dos sistemas de suporte à atividade ou nos sistemas de recolha do feedback dos clientes.
Tal como no global, a maioria das empresas familiares portuguesas admite que as questões relacionadas com o ESG e a diversidade ainda não estão no topo da sua agenda. Apenas 14% admitem estar "muito" focadas nos temas de sustentabilidade. Menos de metade das empresas familiares portuguesas têm uma pessoa ou equipa responsável pela Diversidade & Inclusão e ESG.

Transformar para construir confiança:
dos colaboradores

A confiança é construída de dentro para fora; uma empresa não terá a confiança dos seus clientes se não tiver a confiança dos seus colaboradores. De acordo com esta pesquisa da PwC, as empresas que criam ativamente oportunidades para os seus colaboradores desenvolverem competências têm maior e melhor desempenho e demonstram uma capacidade superior de atrair e reter talentos.

As empresas familiares portuguesas entendem a importância da confiança dos colaboradores. 80% diz que é essencial e essa convicção é acompanhada de ação: 57% dizem ter muito foco em atrair e reter talentos. Em última análise, a confiança do funcionário depende de três fatores:

  • Propósito e valores: Tradicionalmente, é aqui que as empresas familiares se destacam – 84% dizem que têm um propósito claro, mas a mensagem não foi amplamente divulgada às partes interessadas: apenas 35% dizem que é comunicada regularmente externamente.
  • Compromisso com a ESG: Para os colaboradores é importante que o seu empregador seja transparente sobre o impacto da empresa no meio ambiente e sobre os seus registos de diversidade & inclusão. No entanto, apenas 33% das empresas familiares comunicam regularmente seu desempenho em relação a esses indicadores não financeiros.
  • Responsabilidade: Criar uma estrutura de responsabilidade que permita que os colaboradores falem sobre as suas preocupações é uma boa maneira de ajudar a construir confiança. Dos proprietários de empresas familiares inquiridos, 59% disseram que permitem que os colaboradores recorram ou questionem as decisões da administração. Isso significa que 41% não. Portanto, aqui também há espaço significativo para melhorias.

Ações tomadas para garantir que os seus propósitos e valores estão a ser atuados no dia-a-dia (entre aqueles que têm um propósito)

Garantir que os colaboradores entendem o seu significado
%
%
Ter sistemas que garantam o reporte de má conduta diretamente à gestão
%
%
Ter os valores e propósito integrados nos processos de avaliação e recompensa
%
%
Comunicar regularmente a performance dos objetivos e metas não-financeiros
%
%
O alinhamento com propósito e os valores é parte da avaliação da gestão
%
%
Portugal
Global

Transformar para construir confiança:
da família

A maioria das empresas familiares portuguesas consideram existir elevados níveis de confiança entre os seus membros (75%), ainda que 21% acredite deter a confiança da família, mas ser ainda necessário reforçá-la para que esta seja plena.

59% dos inquiridos consideram que existe uma comunicação frequente entre os membros da família, e a mesma percentagem diz existir uma concordância no que toca a pontos de vista e prioridades para a empresa (65% e 59% no global, respetivamente). A ocorrência de conflitos entre os membros das empresas familiares portuguesas não é frequente, e 55% diz que estes são habitualmente resolvidos sendo debatidos abertamente no seio da família.

33% dos respondentes em Portugal identificam a atual cultura da empresa como um desafio para a construção de confiança junto dos seus stakeholders.

 

Desafios para a construção de confiança

Não identificamos desafios
%
%
Atual cultura da empresa
%
%
Incapacidade de mudar estrutura e processos da cadeia de abastecimento
%
%
Desentendimentos entre membros da família
%
%
Questões reputacionais negativas da indústria
%
%
Indefinição das expectativas dos stakeholders
%
%
Pressão para crescimento das receitas
%
%
Falta de apoio da liderança
%
%
Não saber por onde começar a construir confiança
%
%
Portugal
Global

Os conselhos de administração das empresas familiares portuguesas tendem a apresentar uma maior abertura, face ao global

5.3

número médio de pessoas que integram o conselho de administração

Global: 5.2



3%

não têm mulheres no conselho de administração

Global: 31%

3%

têm apenas membros familiares no conselho de administração

Global: 36%

21%

dizem que minimizar o impacto da empresa no meio ambiente é uma prioridade

Global: 57%

15%

não têm no conselho de administração ninguém de uma indústria diferente

Global: 26%

Sobre o survey

O Family Business Survey é um inquérito global aos principais decisores das empresas familiares dentro de vários dos principais territórios da PwC. O objetivo do inquérito é obter uma compreensão do que as empresas familiares consentem sobre as questões-chave do dia-a-dia. O inquérito deste ano a 2.043 proprietários de empresas familiares (51 entrevistas em Portugal) em 82 territórios utiliza um modelo desenvolvido por Sandra J. Sucher, professora de gestão da Harvard Business School e autora, com Shalene Gupta, de The Power of Trust, para avaliar se as empresas familiares estão a fazer as coisas certas no mundo de hoje para construir confiança.

Siga-nos

Contacte-nos

Rosa Areias

Rosa Areias

Tax Lead Partner | Entrepreneurial & Private Business Leader | Membro da Comissão Executiva, PwC Portugal

Tel: +351 225 433 101

Fechar