A transparência salarial deixou de ser um tabu. Hoje, representa maturidade organizacional, reforça o posicionamento de marca empregadora e atrai talento consciente. A igualdade salarial, por sua vez, deixou de ser apenas uma causa social - é um imperativo económico.
Segundo o estudo Women in Work 2025 da PwC, a igualdade de género está fortemente correlacionada com aumentos de produtividade e crescimento económico. Ainda assim, o progresso é lento: à taxa atual, serão necessários mais de 46 anos para eliminar a disparidade salarial de género na OCDE. Em Portugal, em 2023, essa diferença situava-se nos 12,6%, ligeiramente abaixo da média da OCDE (13,1%).
Embora distintos, estes dois princípios são interdependentes: transparência salarial e igualdade salarial.
Transparência salarial refere-se à disponibilização de informação remuneratória por parte das entidades empregadoras, assegurando que os colaboradores têm acesso aos níveis médios de remuneração, desagregados por género.
Igualdade salarial garante que homens e mulheres recebem remuneração equivalente por funções de igual valor, com base em critérios objetivos, neutros e auditáveis.
Sem transparência, é difícil detetar desigualdades. Sem igualdade, a transparência torna-se um exercício meramente formal.
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A Diretiva 2023/970 centra-se, assim, em três grandes áreas de transformação:
Estes mecanismos impõem novas obrigações — mas, mais do que isso, exigem um novo mindset.
A função RH é chamada a liderar este processo, integrando a equidade salarial na arquitetura organizacional, nas práticas de compensação e na proposta de valor ao colaborador. Apesar da convergência com os princípios da diretiva, muitas organizações enfrentam entraves estruturais e culturais: ausência de sistemas robustos, resistência à mudança e receio de expor desigualdades históricas.
Mais do que uma obrigação legal, a igualdade salarial é uma oportunidade estratégica de transformação organizacional.
A função de Recursos Humanos desempenha, assim, um papel central na consolidação de práticas de gestão mais justas, coerentes e orientadas para a criação de valor. Independentemente das exigências regulatórias, as organizações que optam por estruturar os seus modelos de compensação com base na transparência e na equidade posicionam-se de forma mais sólida perante o mercado e perante o seu capital humano.
Para transformar a equidade salarial numa prática organizacional sustentável, os RH devem assumir uma atuação proativa, com intervenção estruturada em várias frentes críticas da gestão de pessoas:
O caminho rumo à igualdade salarial será contínuo, exigindo um compromisso de longo prazo. Espera-se que, no futuro, a transparência deixe de ser uma exigência legal para se tornar uma norma cultural. A pressão dos stakeholders, a evolução das expectativas sociais e a força das novas gerações no mercado de trabalho irão acelerar esta transformação. As organizações que se anteciparem e adotarem práticas alinhadas com estes valores estarão mais preparadas para enfrentar os desafios do futuro e liderar com propósito.
As organizações que atuarem em 2025 de forma estratégica e não reativa estarão melhor preparadas para liderar no novo paradigma.
A função RH tem aqui uma oportunidade clara:
Aqueles que investirem já em diagnósticos, modelos de avaliação e políticas de equidade darão um passo decisivo não apenas no cumprimento das exigências, mas na construção de organizações mais fortes, coesas e sustentáveis.
• Revisão da estrutura de funções
• Mapeamento e avaliação das funções com critérios claros e objetivos
• Promoção de auditorias internas regulares
• Revisão de políticas de progressão e aumentos com base em mérito e critérios neutros
• Revisão dos sistemas de avaliação de desempenho e modelos de carreira
• Desenvolvimento de uma cultura organizacional orientada para a confiança e justiça
• Desenvolvimento de campanhas de comunicação interna
• Capacitação da liderança para decisões salariais justas
* A PwC dispõe de diversas equipas especializadas que apoiam diferentes áreas da Igualdade e Transparência Salarial.
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